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Perigos do piercing oral

As seqüelas causadas pelo uso prolongado do piercing na língua, lábios, bochechas e até mesmo na úvula (popularmente conhecida como “campainha”) são pouco discutidas pela odontologia mundial. Até hoje, poucos trabalhos envolvendo essa questão foram publicados por revistas indexadas em todo o mundo.

E não porque se trata de um problema corriqueiro. As conseqüências vão desde a retração do tecido gengival até edemas sérios e agravamento severo de cardiopatias.

O cirurgião dentista Jefferson Vinícius Bozelli, de Sorocaba (SP), especialista e Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial e prof. Do curso de Especialização de Ortodontia da UNIP-Sorocaba, publicou na Revista do Instituto das Ciências da Saúde da Universidade Paulista, uma revisão literária sobre a problemática que atinge os usuários destes adereços.

“O objetivo é orientar os dentistas sobre as conseqüências que o piercing oral acarreta na mucosa bucal, dentes e em seus tecidos de sustentação, pois a prevalência dos usuários de piercing oral aumenta exponencial e anualmente ano a ano”, explica.

“Quando comecei a pesquisar, fiquei surpreso com a proporção do problema”, relata Bozelli. Segundo o especialista, o uso contínuo deste ornamento, e conseqüentemente a constante agressão da mucosa bucal que o piercing oral causa, pode ocasionar uma leucoplasia – lesão de mancha branca na região da mucosa bucal – que é cancerizável.

Outro risco sério está ligado aos portadores de cardiopatias. “Para pessoas com doenças do coração, a língua agredida pelo piercing é uma porta permanentemente aberta para as infecções”, explica. “Casos de infecção no coração por bactérias oriundas de portadores de piercing oral, por exemplo, é relatada em alguns artigos científicos que pesquisei”, diz Jefferson Bozelli.

Na maioria das vezes, os danos são menos sérios, mas não menos traumáticos. “Se não houver uma higienização diária e correta tanto da boca quanto do piercing utilizado, é praticamente certo que depois de um determinado tempo, o usuário apresente algum dano aos tecidos bucais, podendo até levar à perda de algum dente”, conta.

Isto ocorre devido ao contato danoso da extremidade da peça com o trabalho da musculatura e tecidos orais. A higienização adequada indicada pelo especialista envolve a retirada do piercing três vezes ao dia (durante a escovação pós-refeições), sua escovação cuidadosa e lavagem em solução de clorexidina diluída a 0,12% e bochechos com soluções anti-sépticas.

“Este produto é um bactericida que pode ser encontrado em farmácias comuns, de manipulação e em supermercados”, orienta Bozelli.

Em seu trabalho, Bozelli relata as conseqüências que cada tipo de piercing oral costuma acarretar. O lingual, por exemplo, pode causar a fratura das coroas dos pré-molares, molares e incisivos centrais superiores durante a mastigação e fala “Se houver comprometimento da polpa será preciso iniciar o tratamento endodôntico (canal); se o tratamento não for adequado, a perda do dente é certa”, alerta.

Bozelli também alerta para as pessoas que aplicam os piercings orais nos usuários. “Infelizmente, sabemos que muitas dessas pessoas não dominam conhecimentos apropriados sobre esterilização dos equipamentos que utilizam para tal finalidade. Indiscutivelmente, a perfuração com um elemento contaminado levará a um quadro de infecção, como hepatite, tétano, aids, sífilis, entre outras”.

Possíveis edemas também preocupam o especialista. “Isto pode causar conseqüências graves, levando o paciente, em alguns casos, a não conseguir abrir a boca, causando linfonodopatias, dificuldade para respirar, mastigar e falar”, finaliza.

Fonte: Bozelli Medicina e Saúde

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